quarta-feira, 14 de setembro de 2011

14 de Setembro - Exaltação da Santa Cruz

Juan Valdez Leal
Sacristia da Igreja dos Veneráveis, Sevilha

As Igrejas católica, protestante e ortodoxa celebram a festa da Exaltação da Santa Cruz, no dia de hoje, como o aniversário da consagração da Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém. Até 1970, antes da reforma litúrgica do rito romano, a data era celebrada no dia 3 de maio.
 ícone bizantino

 
O rito ortodoxo
A festa da "Exaltação Universal da preciosa e vivificadora Cruz" surge em Jerusalém. Lê-se em um discurso do monge Alexandre sobre essa festividade que a imperatriz Helena - mãe de Constantino, o Grande - assegurava ter tido uma visão celeste, na qual se ordenava ir a Jerusalém para descobrir os santos lugares durante tanto tempo ignorados (...). Ante a dúvida e as vacilações de não poucos, exorta todos a uma fervorosa oração. Logo vem a ser descoberto por aquele bispo o lugar da divina Paixão, onde se tinha colocado a estátua da impuríssima Vênus. Com a autoridade que lhe outorga seu cargo, a imperatriz mandou, então, destruir o templo do demônio. Feito isso, de imediato descobriu-se o sepulcro de Jesus Cristo, aparecendo, pouco depois, três cruzes. Após busca diligente, encontraram-se também os cravos.
A imperatriz quis saber imediatamente qual das três cruzes era a de Jesus Cristo. Achando-se ali gravemente enferma, quase à morte, uma nobre dama, aplicando-lhe as cruzes, pôde-se saber, no mesmo instante, qual era a Cruz desejada, uma vez que, com a aplicação da Cruz de Jesus Cristo, tocada pela graça divina, ergue-se do leito a enferma completamente curada e glorificando ao Senhor em altas vozes (...).
O imperador pede ao então bispo, Macário, que apresse a edificação das respectivas basílicas, enviando-lhe um arquiteto e grande soma em dinheiro, com a ordem expressa de que os sagrados edifícios (no Gólgota, em Belém, e no Monte das Oliveiras) se decorassem com o maior esplendor, de sorte que não houvesse nada igual no mundo.

ícone grego-bizantino, séc. XVII

No século V, o dia 13 de setembro é aniversário da dedicação das basílicas constantinianas. Segundo a peregrina Egéria, tinha-se determinado esse dia, alguns anos antes - talvez em 335 - por ser a data do descobrimento da Cruz.
Cirilo de Jerusalém, na XIII Catequese, que se realizara provavelmente em 347, diz textualmente: “A Paixão é real: verdadeiramente foi crucificado. E não nos envergonhemos disso. Foi crucificado. E não o negamos; pelo contrário, comprazemo-nos em afirmá-lo. Chegaria a envergonhar-me, se me atrevesse a negar o Gólgota que temos à vista; afastaria dos olhos o madeiro da Cruz que dessa cidade distribuiu-se como relíquias pelo mundo todo. Reconheço a Cruz, porque conheço a ressurreição. Se o Crucificado tivesse permanecido em tal situação, não reconheceria a Cruz; apressar-me-ia, pelo contrário, em escondê-la, juntamente com meu Mestre. Como após a Cruz vem a Ressurreição, não me envergonho de falar longamente da mesma”.
ícone ucraniano, séc. XIX

A festa da Cruz, a 14 de setembro, difundiu-se rapidamente por todo o Oriente, eclipsando a comemoração da dedicação da basílica constantiniana. Em Roma, no século VI, celebrava-se a Exaltação no dia 3 de maio. Posteriormente - no século VII - começou a apresentar-se o madeiro da Cruz à veneração do povo, no dia 14 de setembro.
O resgate da Cruz pelo imperador Heráclio em 631 não veio senão incrementar e consolidar um culto já amplamente difundido.
As igrejas de tradição bizantina relacionaram a festa do dia 14 de setembro entre as do Senhor (despotika) - de primeira classe - e, portanto, entre as 12 grandes festividades litúrgicas. É precedida de uma vigília (preortia) e seguida de sete dias pós-festivos (meteortia), mais outro oitavo de despedida da festa (apodosis), que coincide com o dia 21 do referido mês de setembro.
A celebração litúrgica, muito simples em si, tem seu ponto mais alto no gesto do celebrante, que podemos ver refletido no Ícone. Vejamo-lo em detalhes.
No dia da festa, o celebrante, após pequena procissão, pára no centro da igreja; e levanta então, ao alto, a relíquia da Cruz. A assembléia faz, ao mesmo tempo, a mais simples de todas as orações e mais própria de uma criatura ante a misericórdia do Deus criador: "Piedade, Senhor!" Repete-se 100 vezes a oração. Repete o celebrante o gesto de elevar ao alto a Cruz, voltando-se para os quatro pontos cardeais, enquanto o povo reza, canta e exclama 100 vezes: "Piedade, Senhor!" Deposita-se depois a Cruz em um grande recipiente cheio de flores e coloca-se sobre um tetrapodium no centro da igreja. O Clero e todos os fiéis, prostrando-se de joelhos, vão adorando a Cruz e recebendo uma flor das que serviram de enfeite à relíquia.
Fonte: www.ecclesia.com

Relíquias da Santa Cruz

Bernardino delle Croci di Parma, séc. XV
Catedral de Brescia, Itália

Relíquia da Santa Cruz
Abadia de Nonantola, Itália

Relíquia da Verdadeira Cruz
Igreja de Santa Cruz em Jerusalém, Roma


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