terça-feira, 23 de agosto de 2011

22 de agosto - Realeza de Nossa Senhora

Van Eyck

Nossa Senhora, verdadeira Mãe de Jesus Cristo, Rei do Universo, é invocada hoje com o título de Rainha do Céu e da Terra. Antigamente a festa da realeza de Nossa Senhora era celebrada no dia 31 de maio.

A liturgia já invoca a Mãe de Deus com os títulos de Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, de todos os Santos, Rainha Imaculada, Rainha do Santíssimo Rosário, Rainha da Paz e Rainha Assunta ao Céu.

Este título de Rainha exprime então o pensamento de a Santíssima Virgem se avantajar a todas as ordens de santidade e de virtude, Rainha dos meios que levam a Jesus Cristo, e de que, sendo Rainha assunta ao Céu, já era sobre a terra, isto é, Rainha reconhecida pela terra e pelo céu como sendo a criatura mais perfeita e mais avantajada em toda a santidade e semelhança de Deus Criador!

Mas, quando falamos no título da Realeza de Maria Santíssima, trata-se da Realeza que Lhe cabe por direito como Soberana, deduzida das suas relações com Jesus Cristo, Rei por direito de tudo o criado, visível e invisível, no céu e na terra.
Anônimo catalão - 1220

Efetivamente as prerrogativas de Jesus Cristo tem todas os seus reflexos na Santíssima Virgem, Sua Mãe admirável: Assim Jesus Cristo é o Autor da graça, e Sua Mãe é a dispenseira e intercessora de todas as graças; Jesus Cristo está unido à Santíssima Virgem pelas suas relações de Filho e nós, corpo místico de Jesus Cristo, estamos também unidos a Sua Mãe pelas relações que Ela tem conosco como Mãe dos homens. E assim, pelo reflexo da Realeza de Jesus Cristo, seu filho, Ela é Rainha do céu e da terra, dos Anjos e dos homens, das famílias e dos corações, dos justos e dos pecadores que, na Sua Misericórdia real, encontram perdão e refúgio.


Todas as heresias foram, em todos os tempos, vencidas pelo cetro da Santíssima Mãe de Deus. Nesses nossos tempos, tão conturbados pelas sumas das heresias, os homens debatem-se numa pavorosa luta em que vemos e apalpamos, da maneira mais trágica, serem insuficientes os meios humanos para restabelecer a paz na sociedade humana! De resto, demasiado puderam os homens a sua confiança nos sistemas sociais, nos meios do progresso científico, no poder das armas de destruição, no terrorismo, e tudo isso só serviu para o mundo assistir agora desorientado à maldição profetizada aos homens que põem a sua confiança nos homens, afastando-se de Deus e da ordem sobrenatural da graça!
Fra Angélico - 1430
Museu Nacional de São Marcos - Florença

Maria Santíssima, Rainha do Céu e da terra, foi sempre a vencedora de todas as batalhas de Deus: Voltem-se os governantes do mundo para Ela e o Seu cetro fará triunfar a causa do bem, com o triunfo da Igreja e do Reino de Deus!

ENCÍCLICA DO PAPA PIO XII SOBRE A FESTA DE NOSSA SENHORA RAINHA

O Papa Pio XII, em encíclica dirigida aos membros do episcopado a respeito da Realeza de Maria, recorda que o povo cristão sempre se dirigiu à Rainha do céu nas circunstâncias felizes e sobretudo nos períodos graves da história da Igreja.

Antes de anunciar a sua decisão de instituir a festa litúrgica da “Santa Virgem Maria Rainha”, assinalou o Papa: “Não queremos propor com isso ao povo cristão uma nova verdade e acreditar, porque o próprio título e os argumentos que justificam a dignidade real de Maria já foram abundantemente formulados em todos os tempos e encontram nos documentos antigos da Igreja e nos livros litúrgicos. Tencionamos apenas chamá-lo com esta encíclica a renovar os louvores à nossa Mãe do céu, para reanimar em todos os espíritos uma devoção mais ardente e contribuir assim para o seu bem espiritual”
Carlo Crivelli - 1493

Pio XII cita em seguida as palavras dos doutores e santos que desde a origem do Novo testamento até os nossos dias salientaram o caráter soberano, real, da Mãe de Deus, co-redentora: Santo Efrém, São Gregório de Nazianzeno, Orígenes, Epifânio, Bispo de Constantinopla, São Germano, São João Damasceno, até Santo Afonso Maria de Ligório.

Acentua o Santo Padre que o povo cristão através das idades, tanto no oriente quanto no ocidente, nas mais diversas liturgias, cantou os louvores de Maria, Rainha dos Céus.
Rodolfo Guirlandaio
Museu do Petit Palais de Avignon

“A iconografia, disse o Papa, para traduzir a dignidade real da bem-aventurada Virgem Maria, enriqueceu-se em todas as épocas com obras de arte do maior valor. Ela chegou mesmo a representar o divino Redentor cingindo a fronte de sua Mãe com uma coroa refulgente”.
Gentile da Fabriano - 1422
Getty Museum

Na última parte do documento o Papa declara que tendo adquirido, após longas e maduras reflexões, a convicção de que decorrerão para a Igreja grandes vantagens dessa verdade solidamente demonstrada”, decreta e institui a festa de Maria Rainha, e ordena que nesse dia se renove a consagração do gênero humano do Coração Imaculado na Bem-Aventurada Virgem Maria “porque nessa consagração repousa uma viva esperança de ver surgir uma era de felicidade que a paz cristã e o triunfo da religião alegrarão”.

Guido Reni - 1626

* Referências bibliográficas:
Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959.

Jacopo Toritti - séc. XIII
Basílica de Santa Maria Maggiore, Roma

Sermão de São Pedro Canísio:

"Por que não haveríamos de chamar Rainha a beatíssima Virgem Maria, como fizeram o Damasceno, Atanásio e outros, sendo que o Seu pai, Davi, gloriosamente honrado como rei, e o Seu Filho, como Rei dos reis e Senhor dos senhores imperando sem fim, são louvados sobremaneira pelas Escrituras? É Rainha, sobretudo, se comparada com aqueles [Santos] postos como reis no reino celeste, com Cristo, sumo Rei, como seus co-herdeiros, e colocados como no mesmo trono que Ele, como diz a Escritura. E, como Rainha, ela não está abaixo de nenhum dos eleitos, mas elevada em dignidade tão alta sobre tanto Anjos como homens que nada pode ser maior ou mais alto que Ela, só a Qual tem o mesmo Filho que Deus Pai, e que acima de Si só vê a Deus e Cristo, e abaixo, todas as demais criaturas.
Botticelli - detalhe da Madonna do Magnificat

O grande Atanásio disse claramente: Maria não é somente a Mãe de Deus, mas também pode ser chamada em verdade Rainha e Senhora, visto que o Cristo Que nasceu da Virgem Mãe é Deus e Senhor e também Rei. É a Esta Rainha, portanto, que se aplicam as palavras do Salmista: À Vossa destra estava a Rainha num vestido de ouro. Assim, Maria é retamente chamada Rainha, não só do céu mas também dos céus, como Mãe do Rei dos Anjos, e como Esposa e amada do Rei dos céus. Ó Maria, augustíssima Rainha e fidelíssima Mãe, a Quem ninguém reza em vão se reza devotamente, e a Quem todos os homens mortais estão ligados pela memória duradoura de tantos benefícios, repetidamente Vos imploro que aceiteis e Vos agradeis com todas as demonstrações da minha devoção para conVosco, deis valor ao pobre dom que eu ofereço de acordo com o zelo com que é oferecido, e o recomendeis ao Vosso Filho onipotente."

São Pedro Canísio, Presbítero e Doutor da Igreja (1521-1597). Da incomparável Virgem Maria Mãe de Deus, livro 15, c. 13.

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